Renato Gusmão pergunta e o Haicaísta Celso Pestana responde
Renato Gusmão, produtor cultural, poeta e compositor de Belém do Pará, conduz sua trajetória desde 1993 através do Programa “Cor da Pátria”, idealizado por ele mesmo, no qual divulga sua obra literária e musical, compondo com parceiros, cantores, instrumentistas e vários outros, podendo assim, realizar grande ajuntamento cultural.
Dentro do Programa “Cor da Pátria”, já foram realizados inúmeros shows musicais mostrando a obra do compositor Renato Gusmão e também de vários outros eventos culturais. Já foram lançados os CD’s SUMANOS (1997), DOS ZENS (2005), os livros PALAVRAS NO TEMPO (2002) e CAFÉ COM ANGU – CRÔNICAS E OUTROS POEMAS, (2007). Participa das antologias: “Hélio Pinto Ferreira” da Fundação Cassiano Ricardo de São José dos Campos; Antologia “Poesia no ônibus”, da Prefeitura de Belém do Pará; “Poesia do Brasil” e “Poeta, Mostra Tua Cara” dos XVI e XVII Congresso Brasileiro de Poesia, ( 2008 e 2009 ).
RENATO GUSMÃO: Para ser caracterizado verdadeiramente um haicai, é necessário todos os versos na íntegra e também suas separações silábica?
CELSO PESTANA: Acho que o Renato está se referindo à quantidade de versos e à métrica. Não, o que distingue o haicai não é a quantidade de versos, de sílabas ou a métrica. Com esses mesmos atributos se pode escrever um microssoneto, um axioma, uma quadrinha perneta (também conhecida como poetrix), etc. O haicai pode ter três versos em 5-7-5, mas o que é diferente no haicai não é a forma, é o espírito que cria poemas assim:
Calma de primavera -
O monge da montanha
Espia através da cerca.
Issa
Vento de inverno -
O gato de olho vazado
Procura seu dono.
Edson Kenji Iura
névoa na estrada
à beira de um sonho
um trem para Praga
Alice Ruiz
Creio que quem apreende o espírito, não se deixa enganar pela forma.
RENATO GUSMÃO: O hai kai pode ser considerado o ponto de partida
para um bom aprendizado?
CELSO PESTANA: Para um bom aprendizado de que? De qualquer forma, considero o haicai um ponto de partida - e de chegada - para o aprendizado de muitas coisas, entre elas “a combinação de simplicidade superficial com conteúdo sutil” (Franchetti, “Haikai”).
RENATO GUSMÃO: O que o estudo da técnica de hai kai pode influenciar
na trajetória de um poeta?
CELSO PESTANA: Essa pergunta me parece semelhante à anterior. E a resposta vem da mesma fonte da resposta anterior:
“[...] a lição fundamental de Bashô não diz respeito à “tecnologia” poética, mas sim ao reconhecimento da espontaneidade, da intuição e do aperfeiçoamento espiritual como fontes da poesia.” (Franchetti, “Haikai”)
Um abraço,
Pestana
RENATO GUSMÃO: Para ser caracterizado verdadeiramente um haicai, é necessário todos os versos na íntegra e também suas separações silábica?
CELSO PESTANA: Acho que o Renato está se referindo à quantidade de versos e à métrica. Não, o que distingue o haicai não é a quantidade de versos, de sílabas ou a métrica. Com esses mesmos atributos se pode escrever um microssoneto, um axioma, uma quadrinha perneta (também conhecida como poetrix), etc. O haicai pode ter três versos em 5-7-5, mas o que é diferente no haicai não é a forma, é o espírito que cria poemas assim:
Calma de primavera -
O monge da montanha
Espia através da cerca.
Issa
Vento de inverno -
O gato de olho vazado
Procura seu dono.
Edson Kenji Iura
névoa na estrada
à beira de um sonho
um trem para Praga
Alice Ruiz
Creio que quem apreende o espírito, não se deixa enganar pela forma.
RENATO GUSMÃO: O hai kai pode ser considerado o ponto de partida
para um bom aprendizado?
CELSO PESTANA: Para um bom aprendizado de que? De qualquer forma, considero o haicai um ponto de partida - e de chegada - para o aprendizado de muitas coisas, entre elas “a combinação de simplicidade superficial com conteúdo sutil” (Franchetti, “Haikai”).
RENATO GUSMÃO: O que o estudo da técnica de hai kai pode influenciar
na trajetória de um poeta?
CELSO PESTANA: Essa pergunta me parece semelhante à anterior. E a resposta vem da mesma fonte da resposta anterior:
“[...] a lição fundamental de Bashô não diz respeito à “tecnologia” poética, mas sim ao reconhecimento da espontaneidade, da intuição e do aperfeiçoamento espiritual como fontes da poesia.” (Franchetti, “Haikai”)
Um abraço,
Pestana
Agradeço o privilégio de poder fazer parte desta revista tão importante...
ResponderExcluirIsto está contribuindo muito para o meu entusiasmo pela leitura e produção de haicai.
Parabéns pela qualidade ´de primeira´!
Bom dia!Bacana esta revista!Gostei das perguntas feitas pelo Renato.
ResponderExcluirBeijos
Obrigada aos entrevistadores pela condução das perguntas, que nos deram esta oportunidade, de respostas tão interessantes e esclarecedoras sobre o haicai. Parabéns Pestana, por mais esta aula sobre o haicai.
ResponderExcluirUm abraço
Benedita Azevedo
Pestana, gostei do seus comentários sobre o haicai e gostaria de dizer que respeito muito seu trabalho e sua opinião. Contudo, com todo o respeito, ao qualificar o POETRIX como "quadrinha perneta" vê-se que você não tem sequer a ideia do que é um poetrix. O poetrix tem apenas TRÊS versos como o haicai, portanto não pode ser nem de longe considerado uma "quadrinha", pois isso o aproximaria mais da TROVA que possui quatro versos. O poetrix é uma modalidade poética nova que aprecio muito, assim como aprecio o haicai. Fico chateada quando leio comentários denegrindo a imagem do poetrix pois ele ainda é uma criança (tem apenas onze anos) mas um dia será um "adulto" como o haicai e certamente será mais respeitado como estilo literário, assim como serão também mais respeitados os poetas que dedicam seu tempo ao estudo e elaboração de poetrix, sei que a consolidação de um estilo literário não acontece de um dia para o outro mas creio que esse dia ainda há de chegar.
ResponderExcluirUm cordial abraço.
Andra Valladares